A depressão pode ser desencadeada de várias formas como fator genético, relacionamento familiar, ambiente escolar, traumas, entre outros aspectos que influenciam de modo negativo na vida.
Isolamento, falta de ânimo, perda de interesse por atividades prazerosas, alteração de comportamento, ansiedade, irritabilidade, sono excessivo, falta de rendimento escolar, automutilação e pensamento suicida podem ser características de uma pessoa depressiva.
Há alguns pontos que os pais devem refletir para auxiliar o seu filho com depressão e também para prevenir que ele venha a desenvolvê-la. Procurar ajuda de um profissional vai te possibilitar um tratamento adequado.
A psicóloga Vivian Andrade, dá algumas orientações de como lidar com esta doença e como ajudar os filhos nesta difícil fase de suas vidas.
Prime - Como identificar que meu filho está com depressão? Quais os principais sintomas devem ser observados?
Vivian Andrade - Tentar perceber os sinais como quando ele fica muito quieto em um cantinho ou muito tempo no quarto. Também os sinais físicos como roer unhas (que tem ligação com a ansiedade, mas que pode também ter ligação com a depressão), ou chorar muito. Desta forma, você deve tentar ao máximo conversar com ele para ver se tem alguma coisa para falar, pois às vezes ficar muito quieto auxilia neste processo de estar com a depressão. Observar apatias, falta de apetite, nervosismo, falas em relação à vida - como não querer viver, de sentir que não faz sentido, se colocar muito para baixo - a questão de autoestima e de não se reconhecer, dizendo que não é bom nisso, não consegue fazer nada certo, em nada é bom.
Prime - Como ajudar o meu filho com depressão?
Vivian Andrade - Tentar conversar ao máximo com ele, para que possa externar o que está acontecendo. Normalmente acontece quando a criança ou adolescente não está tão preparado emocionalmente, porque não conhecem as emoções. Na maioria das vezes eles não conseguem resolver isso com conversa, falar abertamente o que estão sentindo. Oferecer e perguntar se eles estão precisando conversar com alguém diferente, que não da família pode ser uma saída. Também gerar o incentivo à terapia ou ir aos poucos produzindo vídeos para que possam assistir sobre a saúde mental, como se cuidar e os problemas que acontecem.
Prime - Depressão tem cura?
Vivian Andrade - Eu costumo dizer que depressão tem tratamento. A cura, sumir totalmente, é algo muito complicado, porque sempre vai restar as consequências daquilo que a gente viveu. Teremos que lidar com este processo, temos que encarar algum resquício que ficou. Temos como melhorar 99%, mas 1% vai ficar dentro de você, o que vai exigir muito a aceitação de que aquilo faz parte da sua vida.
Prime - Devo tirá-lo um pouco das mídias sociais e da tecnologia? Como fazer isso sem afetá-lo?
Vivian Andrade - Sim. Se for uma criança devemos tirar um pouco sim, porque as mídias sociais e as tecnologias hoje estão muito rápidas, é tudo para ontem. É só passarmos o dedo na tela, que a informação vai entrando no cérebro. Aquilo acelera o nosso coração e também o pensamento em si. A ansiedade vem, mas além disso, os pensamentos negativos também podem entrar, no sentido de comparações, “porque a vida do meu amigo da escola parece que é bem melhor que a minha, porque ele tem pai e mãe e eu não tenho”, e isso vai gerando tristeza, podendo levar a um diagnóstico. Diminuir tem que ser um processo, e volto a falar sobre o diálogo. Sentar, conversar para que ele saiba o porquê você está limitando o seu acesso. Devemos também estar atentos a tudo o que o filho está vendo, porque às vezes, infelizmente na internet tem muita coisa que são conteúdos que não fazem tanto sentido. Temos que limitar para que possamos resolver o seu problema e evitarmos um diagnóstico.
Prime - Como evitar que meu filho se envolva com drogas e álcool para fugir de uma possível depressão ou mascarar as dificuldades da adolescência?
Vivian Andrade - Todo o suporte que pudermos dar, fará a diferença na vida da criança ou do adolescente, principalmente na questão da influência que a droga e o álcool podem assumir. Temos que tentar, por exemplo, colocar atividades na vida deles, que preencham o seu dia a dia, seja um esporte, uma atividade extracurricular, uma aula de instrumento musical ou algo neste sentido, para que você possa observar o que vai motivar esta criança e elevá-la a uma evolução. Além disso, devemos estar atentos e volto na questão das redes sociais, pois existem muitas coisas que eles consomem que não vemos maldade, mas que tem. Estar atentos a vídeos, filmes e séries, mas também nas amizades, não deixar ele sair para qualquer lugar. Tem lugares específicos para idades e momentos específicos. Analisar tudo isso e combinar com o adolescente a hora de sair, de buscar e dizer que aquele lugar você não acha legal. Mas, sempre explicar o porquê, e não só falar o não. Porque isso na adolescência pode gerar uma revolta. Explicar e dizer o que pensam e o porquê, para que ele cresça com segurança.
Prime - Qual a necessidade de procurar um profissional e qual seria o mais adequado?
Vivian Andrade - Quando você sentir que está tentando fazer por eles e não estiver conseguindo, pois não estão conseguindo receber a sua ajuda. Normalmente eu falo para procurar um psicólogo para esta orientação, para poder identificar se ele quer esta ajuda e iniciar um acompanhamento. Passar pelo profissional uma vez, e não ter um acompanhamento, talvez não resolva o problema em si. Às vezes nem é uma depressão, mas um início, que se não for cuidado, bem orientado e instruído não se resolverá. Temos que lembrar que a nossa principal base é a estrutura familiar desde pequeno. As pessoas que estão do nosso lado, se estiveram nos orientando, dizendo faça isso, procure isso, direcione a sua vida para aquilo, você vai ter confiança e segurança em si, autonomia e a saúde mental em dia.