A pandemia de COVID-19 deixou marcas profundas, não apenas físicas, mas emocionais. No consultório, tenho observado um aumento expressivo nos casos de ansiedade, depressão, crises de pânico e dificuldades de adaptação à vida “normal” pós-isolamento. O que antes era pontual se tornou recorrente.
Muitos pacientes relatam um cansaço que vai além do físico — é mental, é existencial. A pandemia trouxe perdas concretas, mas também fragilizou nossas certezas. Projetos foram interrompidos, rotinas desfeitas, relações abaladas, além do atraso de aprendizagem e dificuldades de memória e cognitivas em geral. Mesmo com a retomada das atividades presenciais, há um sentimento de desconexão e um esforço enorme para “funcionar”.
Além disso, o retorno ao convívio social revelou uma dificuldade coletiva de lidar com o outro, com os ruídos emocionais que o isolamento agravou. Crianças apresentam comportamentos regressivos, adolescentes enfrentam crises de identidade e adultos lutam para reencontrar propósito.
É urgente que tratemos a saúde mental com a mesma seriedade que damos à saúde física. Terapia não é mais um tabu, mas uma necessidade — um espaço seguro para elaborar traumas, resgatar a autoestima e fortalecer estratégias emocionais.
A pandemia passou, mas seus efeitos psicológicos ainda reverberam. E é com empatia, escuta e acompanhamento profissional que podemos reconstruir, internamente, aquilo que foi desorganizado por fora.
Dra. Edianez Chueiri
Psicóloga – CRP MG 04/25751
Atendimento presencial e online